Era um casal pouco conhecido que vivia modestamente. Ela, a esposa,
passou anos tentando levar o marido para sua igreja e, aos pouquinhos,ele começava a frequentar os cultos.
Mas, sempre que ia, voltava reclamando com as atitudes do pastor. Meses se passaram, até que o filho mais velho veio a falecer.
O menino foi enterrado no ultimo dia do ano. Na tentativa de alegrar um pouco o coração do marido, ela pediu que rompessem o ano em sua Igreja. Pois lá, pensava ela, ele há de receber o consolo de Deus e dos irmãos.
Lamentavelmente, esse humilde casal recebeu o desprezo do pastor que além de não ter ido ao sepultamento (apesar de ter sido avisado por toda a congregação), ao final do culto nem um cumprimento deu aos pais que acabara de perder seu primogênito. Alguns anos mais tarde, ela continuava a frequentar a mesma igreja. O casal agora era próspero e no lugar do carro velho e acabado, agora eles possuíam carros novos, roupas elegantes e jóias invejáveis.
Incrivelmente eram recebidos na porta da igreja pelo pastor que outrora os desprezava. Com essa atitude, ele os afastou da presença do Senhor.
Ela não tinha marido, não tinha emprego e tinha muitas tatuagens. Entretanto, era uma mulher vistosa, elegante. Quem a visse jamais imaginaria as imensas dificuldades que aquela mulher passava. A primeira vista ninguém supunha que seu poder aquisitivo era zero. Até porque entregava o dízimo de tudo que recebia, até mesmo da ajuda que seus familiares lhe davam. O chefe de sua igreja sempre dizia: "Precisamos conversar" mas, nunca marcava tal conversa.
E só o Senhor sabia o quanto esta mulher precisava de um suporte espiritual pois, suas batalhas eram enormes.
Uma mulher sem marido numa igreja evangélica é delicadamente desprezada e sem emprego então, nem se fala. E cada dia ela se afastava mais da presença de nosso Senhor.
Esses dois parágrafos são um resumo de vários relatos. Poderia escrever páginas e páginas de queixas que têm em comum o comportamento mesquinho de nós cristãos. Porque não é culpa somente dos pastores. Nós todos somos culpados por não permitir que o amor de Cristo chegue até nossos irmãos que necessitam tanto.
A primeira visita que uma pessoa faz a uma igreja evangélica é tremenda. E quando ela se converte ali? Gente, é fantástico!
É uma emoção quase inenarrável. E nós, os irmãos o que fazemos? Permitimos que o mundo se apodere deles porque o amor de Cristo, infelizmente, passa longe das igrejas.
Tenho a sensação que estou sempre falando da mesma coisa, sempre batendo no mesmo prego que nunca entra na parede.
Afinal, Jesus veio ou não para pregar o amor? Ouço o tempo todo pessoas "evangélicas" afirmando que não gostam de gente.
Meu Deus, em que céu pensa que estará a criatura que não gosta de gente? Uma coisa é sentir incômodo com aglomerações, outra coisa é não gostar de estar perto de gente! Pode isso?
Pessoas que são recebidas com diferença nas igrejas porque tem um carro melhor, empregos bons, boas roupas e atitudes por muitas vezes desprezíveis. Mas, são muito bem tratados!
Enquanto pastores se preocuparem mais com o valor dos dízimos do que o valor da alma dos cristãos as igrejas evangélicas continuarão a ser motivo de zombaria do mundo.
Ironicamente, me lembro de Voltaire:
Todo ser humano é culpado pelo bem que não fez.